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A casa de Mercy Blain está pegando fogo, mas ninguém, nem os bombeiros, paramédicos e seu não-tecnicamente-ex-marido Eugene, parece entender que este não é o maior de seus problemas. Seu maior problema é que, pela primeira vez em dois anos, Mercy está do lado de fora. Lançada em um mundo que tentava a todo custo ignorar, ela vai para a casa de Eugene, mas logo percebe que ficar lá não é uma opção. Em meio ao pânico, toma a decisão mais impulsiva de sua vida: compra uma van cult vintage e antiga e coloca o pé na estrada, tentando entender que lar é onde você está.
Na companhia de Wasabi, seu cachorrinho de estimação, e de uma passageira inusitadamente mórbida, Mercy agora precisa enfrentar vários surtos e desafios inoportunos, incluindo uma rival inescrupulosa, para chegar a Darwin, no norte da Austrália, a mais de três mil quilômetros de distância. Durante todo este caminho, ela entenderá que não será mais possível fugir de seus medos e chegará a hora de enfrentá-los para se conhecer melhor.
Essa é a sinopse de “O Outro Lado de Tudo Isso”, livro deliciosamente escrito por Kim Lock e que nos coloca na mente de um ser humano que está passando por grandes dilemas e dificuldades e esta imersão dá uma veracidade surreal à história, pois por mais que as atitudes da personagem principal passem várias vezes pelo campo do absurdo, acompanhamos tudo com muita verdade e sinceridade da autora e isso traz uma credibilidade necessária para que Kim Lock passasse a mensagem principal da obra.
Amo o doce sarcasmo de cada capítulo vivenciado, como se Mercy estivesse ao mesmo tempo inconformada e resiliente, e cria-se uma forte identificação da personagem com os leitores, choramos com ela, rimos com ela e principalmente torcemos pelo seu auto conhecimento, como se todos estivéssemos em uma grande terapia.
Seguindo neste ponto, algumas temas são tratados de uma forma muito natural e consciente: o enfrentamento da ansiedade, aprender a perdoar e a aproveitar a vida. O mais interessante é que a autora foge dos clichês e conseguimos acompanhar na prática a grande relevância de se colocar em debate o cuidado com a saúde mental, outro mérito que merece ser reverenciado.
A cada capitulo, a história se torna ainda mais envolvente e ao mesmo tempo que entramos em um ritmo alucinante de leitura, também poderemos prolongá-la ao máximo, para justamente não nos despedirmos de um universo tão bem construído, de forma genuína e sincera. Em especial, no último quarto da história, o ritmo se torna mais cativante e entendo a estratégia da autora de deixar o melhor para o final, como se fosse uma cereja do bolo para coroar um grande enredo.
Ao terminar de ler, percebi que não apenas me deliciei com esta obra, como também refleti com uma escrita doce, forte e aprofundada, que daria um ótimo filme. São por todas estas razões listadas que considero “O Outro Lado de Tudo Isso” um excelente livro de cabeceira.
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