Há 20 anos, um disco se tornou um grande ponto crucial na carreira da banda Detonautas Roque Clube, o “Roque Marciano” foi lançado e com ele inúmeros hits primordiais para os shows do grupo. A partir dele, uma legião de fãs foi formada e todos puderem ver que o conjunto ia muito além do que um único álbum ou alguns singles gravado, pelo contrário, pôde mostrar o seu potencial para crescer e consolidar no rock nacional dos anos 2000.
Confesso que inicialmente conhecia apenas algumas música do “Roque Marciano”, mas depois que comprei a discografia completa da banda, pude conhecer o conceito completo deste álbum e me encantei por ele: uma mistura de hard core, hip-hop e algumas pitadas de pop psicodélico. Gosto das letras sentimentais, mas ao mesmo tempo não melosas, que traduzem o sentimento de uma juventude que buscava sua própria identidade, com liberdade para amar e principalmente para sentir.
Este sentimento já é percebido na primeira faixa, “O Amanhã”, onde as duas primeiras estrofes dizem:
“Quando vem o amanhã incerto
E a certeza me faz ver o inverso
Já não tenho o mesmo medo de me repetir
A verdade disso tudo é o que me faz seguir
Não vou mudar em vão
Pra que mentir
Se os dias vem e vão e não me vejo aqui”
Gosto demais do início deste álbum, já com guitarras muito bem posicionadas e uma bateria bem elétrica e bem conectada com todo o arranjo. Renato Rocha, Rodrigo Netto e Fábio Brasil já começam arregaçandooo.
Na sequência duas músicas menos agitadas e que mantém o espírito detonáutico: “Nada Vai Mudar” e “O Dia Que Não Terminou”, está em específico com pitadas de hip-hop e que traz uma mensagem muito relevante sobre a perda do sentido da vida e como precisamos valorizá-la a cada instante.
Há outras pérolas do disco que são sensacionais, como “Só Por Hoje” e “Com Você”, está pra mim a melhor música, com o hardcore no seu estado mais puro e a melhor performance e Fábio Brasil na bateria e um arranjo espetacular!!
“Tênis Roque” até hoje, quando incluída no setlist, é cantada à plenos pulmões pelos fãs (uma vibe bem “novela Malhação”, que eu acho espetacular) e “Tô Aprendendo a Viver Sem Você” é uma das músicas mais lindas já compostas no pop rock nacional e que me lembra muito “Quase Um Segundo”, dos Paralamas do Sucesso, ambas falam sobre o término de um relacionamento de uma forma muito poética e ao mesmo tempo 100% condizente com a realidade de quem já passou por situações semelhantes, sendo que a voz do Tico nesta música está tinindo, o melhor vocal. O álbum termina com “Send U Back”, uma ótima finalização e que traz uma perfeita tradução de Tico Santa Cruz de um retrato da juventude, que nutre um sentimento de dependência de algo ou alguém.
Como comentei no início do texto, “Roque Marciano” está completando 20 anos de seu lançamento e, para mim, é o melhor disco da banda e se mantém atual ao atravessar das décadas. Considero inclusive como um álbum antológico da música brasileira, pois se um projeto traz um significado especial e traz músicas que atravessam décadas, ele merece ser reverenciado. É como diz a própria banda em outra canção de sucesso, lançada anos depois: “No teu abraço é que encontro a cura do mal. Hoje eu acordei e te quis por perto. E você não sai do meu pensamento”.
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