Limeira Mil Grau

30 anos do divisor de águas na carreira da Cássia Eller

Produzido por Guto Graça Mello, o álbum lançado em 1994 foi um grande sucesso, responsável por vários singles que marcaram a carreira de Càssia.

Sempre quando admiramos a carreira de um artista ou banda, elegemos ou descobrimos qual é o disco que pode ser considerado o divisor de águas na carreira de cada um, adjetivo que pode ser dado por vários fatores, incluindo grandes hits, uma produção impecável, excelentes arranjos, ou até mesmo por suceder outros projetos não tão bem sucedidos. Com a Cássia Eller, seu terceiro disco não apenas é um grande divisor, como também reúne todos estes atributos.

Lançado em 1994 e gravado no estúdio pessoal do produtor Guto Graça Mello, sem que a gravadora da artista soubesse, o disco foi realizado dessa forma, pois Cássia, após o baixo desempenho comercial de seus dois primeiros trabalhos (Cássia Eller e O Marginal), estava decidida a pedir demissão, desanimada com tal situação. Este terceiro álbum foi o primeiro gravado após o nascimento de Chicão, filho de Cássia e segundo Maria Eugênia, mulher de Cássia, ele gostava de ouvir o disco Verde, Anil, Amarelo, Cor-de-Rosa e Carvão, da cantora Marisa Monte, o que acabou por inspirar Cássia na seleção do repertório e na gravação. Uma vez apresentado à gravadora, Cássia Eller foi imediatamente aprovado.

O que ninguém imaginava é que o projeto fosse apresentar um grande crescimento na carreira da cantora, responsável por popularizá-la no cenário musical brasileiro e incluindo grandes sucessos. Toda a concepção de “Cássia Eller (1994)” é muito bem montada, pois é um daqueles álbuns onde não conseguimos pular uma faixa sequer e mesmo as canções que não foram singles, apresentam um amadurecimento louvável da cantora em sua trajetória.

A primeira música “Partners”, já apresenta um rock bem maduro e visceral, composto pelo grupo RPM e também que mostra um controle maior da cantora com sua potente voz. Logo em seguida, uma verdadeira pedrada: “Malandragem” foi composta por Cazuza e Frejat, havia sido oferecida inicialmente para Ângela Rô Rô e se tornou a canção assinatura de Cássia. Na terceira faixa, temos “E.C.T”, um samba escrito por Nando Reis, Marisa Monte e Carlinhos Brown que traz uma voz mais irônica e charmosa da grande diva, além de uma letra espetacular!

Preciso destacar “1º de Julho”, composta por Renato Russo (Legião Urbana) como presente para Cássia, que havia acabado de ter seu primeiro filho, fruto de um relacionamento com Tavinho Fialho, amigo de Renato e músico de apoio da Legião que havia morrido um ano antes do lançamento do disco. A canção se tornou um manifesto para milhares de mulheres que buscam sua própria independência e vencem em uma sociedade misógina e opressora.

Também temos “Lanterna Dos Afogados”, um grande sucesso dos Paralamas do Sucesso e que na voz da cantora ficou tão bom quanto a versão original, uma potência que arrepia da cabeça aos pés e uma emoção que dá orgulho de ser brasileiro. É preciso falar sobre a interpretação de Cássia Éller para a canção, dando um peso de clamor por socorro ainda maior em cada verso escrito por Herbert Vianna, e sobre o solo fabuloso do saudoso Wander Taffo na guitarra, membro fundador do grupo Rádio Táxi.

Por fim, outras faixas bem relevantes foram “Música Urbana 2”, composta por Renato Russo e que ficou excelente em um blues; “Coroné Antônio Bento”, um forró conhecido inicialmente por Tim Maia e que com Cássia ficou com um sinismo ainda melhor; “Socorro”, a melhor composição de Arnaldo Antunes e que Cássia brilha muito, principalmente na regravação do seu disco seguinte (“Violões”) e “Pétala”, um hino de Djavan e que trouxe a melhor regravação neste álbum.

Contando também com o grande Cesinha na batera, Fernando Nunes no Baixo, Márcio Lomiranda nos teclados e Paulo Rafael na guitarra, “Cássia Éller (1994)” vendeu mais de 100.000 cópias e é um disco que todos os amantes da música brasileira precisam ter, por reúne uma excelente mistura de rock com gêneros tipicamente nacionais, como forró por exemplo. Um clássico que será eterno!

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