Com preço sugerido de até R$ 9 mil em um site de compra e venda na internet, a figurinha dourada do tipo Legends (lendas, em inglês) de Neymar, ex-jogador do Santos e que atualmente atua pelo PSG (França), virou uma espécie de “Santo Graal” dos colecionadores do álbum da Copa do Mundo do Catar, lançado na última sexta-feira (19).
Entre os vendedores de um tradicional reduto do comércio de cromos no bairro do Gonzaga, em Santos, no litoral de São Paulo, a ordem é esperar para negociar um “ativo” tão importante por valores que sejam atrativos. O motivo de tanto interesse: especula-se que uma Legend dourada seria obtida a cada 1.900 pacotes.
Ao todo, são 80 figurinhas extras, de 20 jogadores. Vale lembrar que o preço em banca de cada pacote, com cinco figurinhas, é de R$ 4. As do tipo Legends estão disponíveis em algumas embalagens, sendo a sexta.
“Ontem (sábado), vi gente vendendo a R$ 10 e querendo morrer depois disso. Estou segurando as minhas: quem pergunta, digo que tenho, mas que não vou vender. É melhor aguardar para vender ‘na alta'”, relata o empresário Leonardo Mendes, que atua próximo à Banca Estátua.
Ele conta que, para iniciar as vendas, adquiriu o equivalente a 5 mil cromos, e o saldo de figurinhas Legends, não chegou a uma dúzia. “Não dimensionamos, ainda, o quanto pedir por elas”, complementa o amigo Renan Mariquetti, “no mercado” desde a Copa do Mundo 2006, realizada na Alemanha.
O engenheiro civil Yuri Corefice, que negocia figurinhas desde o Mundial da África do Sul, em 2010, também prega cautela sobre as Legends (há quatro versões delas: bordô, bronze, prata e ouro).
“Não tenho (o Neymar dourado). Por ora, não venderia. Porque vejo absurdos na internet. Por esse preço, não vou vender, mas vou segurar para ver o quanto consigo . Virou um “ativo’. Vou divulgar, fazer um leilão, quem sabe…”, especula.
Vendedores de figurinhas em Santos descartam valores abusivos — Foto: Alex Ferraz/ A Tribuna Jornal
Compradores descartam “abusos”
Entre os colecionadores que buscavam itens para preencher seus álbuns da Copa do Mundo, a ideia de gastar milhares de reais em uma única figurinha de Neymar – ou Messi, Cristiano Ronaldo, Mbappé – soa como “um abuso”.
“Não compararia por esse valor, e nem venderia tão caro assim. Talvez até trocasse por figurinhas que não tenho, para completar o álbum mais rápido. Se fosse vender por R$ 100 ou R$ 200, ajudaria a girar o negócio (de compra de figurinhas)”, pondera o advogado Daniel de Espíndola Pires.
Já o executivo de negócios Antônio Falzoni, que adquiriu o álbum e algumas figurinhas para os filhos, também descartou um gasto excessivo com um único cromo. “Acho abusado demais (R$ 9 mil pelo cromo dourado de Neymar). Tem que ser no modo tradicional, de trocas. Pagaria, no máximo, R$ 50″, determina.
A boa e velha troca de figurinhas, com marcações à caneta das já coladas em um papel, também tem espaço no bairro do Gonzaga. É o caso do jornalista Rodrigo Bibian. Acompanhado da família, ele transacionava no modo “um para um”.
No entanto, ele não condena a especulação em tono de determinados cromos. “Peças mais raras têm seu valor de mercado. Tem quem peça e tem quem pague. E vai valorizar mais com o passar dos anos”, raciocina.
Figurinhas são comercializadas e trocadas nas ruas de Santos — Foto: Alex Ferraz/A Tribuna Jornal
Figurinhas extras:
- Giovanni Reyna (Estados Unidos)
- Luis Suárez (Uruguai)
- Kevin de Bruyne (Bélgica)
- Robert Lewandowski (Polônia)
- Almoez Ali (Catar)
- Gavi (Espanha)
- Heung-Min Son (Coréia do Sul)
- Luka Modric (Croácia)
- Raphaël Varane (França)
- Sadio Mané (Senegal)
- Alphonso Davies (Canadá)
- Ryan Gravenberch (Holanda)
- Neymar Jr (Brasil)
- Kylian Mbappé (França)
- Lionel Messi (Argentina)
- Dusan Vlahovic (Sérvia)
- Jude Bellingham (Inglaterra)
- Cristiano Ronaldo (Portugal)
- Christian Eriksen (Dinamarca)
- Guillermo Ochoa (México)