
Quando você lê que uma de suas artistas favoritas está lançando seu 9º álbum, você percebe que a idade chegou e provavelmente você está ficando velho! Acompanho Miley Cyrus desde o início de sua carreira em 2006, estrelando Hannah Montana e lançando eras musicais unidas com um único propósito: manter sua autenticidade intacta. Claro ao longo destes quase 20 anos de carreira, Miley também errou, mas entre acertos e quedas, continuo acompanhando-a e fiquei muito feliz quando soube do lançamento deste disco, pois desde o seu show no Lollapalooza Brasil de 2022, ela tem entrado em uma crescente artística muito boa, sendo que no ano seguinte, lançou a pedrada que foi o disco “Flowers”.
Seguindo nessa linha, quando escutei o primeiro single de seu novo projeto, “End Of The World”, já senti que poderia gostar do álbum inteiro, e realmente fiquei encantado. Com 13 faixas entre canções e interlúdios e lançado no dia 30 de maio (há pouco mais de um mês), “Something Beautiful” foi inspirado em “The Wall”, clássico de Pink Floyd e que trazia um conceito artístico muito bem fundamental, com músicas longas entrelaçadas com interlúdios, e o disco de Miley apresenta justamente, sob o formato Miley Cyrus de fazer arte e com uma história com início, meio e fim.
Em entrevista à revista de moda norte-americana Harper’s Bazaar, Miley cita que sua ideia “era fazer ‘The Wall’, mas com um guarda-roupa melhor e mais glamouroso e cheio de cultura pop”. Penso que ela cumpriu com maestria este propósito, pois ao escutar este registro musical, você percebe que ele entrega algo de moderno e também de vanguardista, sem soar datado ou cafona.
Confesso que os interlúdios não me soaram tão bons, mas dentro da proposta futurista e nostálgica do projeto, eles funcionam muito bem e todas, absolutamente todas as músicas são muito boas e podem ser escutadas sem moderação, com a voz da artista simplesmente irretocável, com uma rouquidão característica que amo. “Something Beautiful” já começa com os dois pés na porta, com aquela delicadeza e ousadia que só Miley Cyrus sabe fazer; “End Of The World” traz um tom otimista que gosto e pode perfeitamente ser a música pop do ano e “More To Lose” traz uma letra contundente e forte para qualquer relacionamento em que estivermos.
Se eu for explicar faixa a faixa desta obra, com certeza faria uma dissertação, pois realmente este trabalho é muitoooo bom, e quero sempre fazer textos objetivos para vocês que acompanham este modesto jornalista há tantos e tantos anos. Porém, não posso deixar de citar “Golden Burning Sun” (a minha favorita), “Every Girl You’ve Ever Loved” (com participação de ninguém mais, ninguém menos que Naomi Campbell) e “Give Me Love” (a última faixa do disco e que traz um clima psicodélico maravilhoso).

“Something Beautiful” também tem uma versão visual disponível no Disney +, sendo considerado um “filme concerto”, e posso afirmar com toda segurança e certeza: este disco é o melhor trabalho de Miley Cyrus até então e mostra que quando uma pessoa ama arte, ela sempre poderá apresentar algo que encante seu público e nos transporte para um lugar onde só a música é imperadora.