Quando você não imagina que as gravadoras musicais não podem mais nos surpreender em tempos da predominância digital em consumir música, a Som Livre acaba de lançar nas principais plataformas de streaming o álbum “Origem”, que reúne gravações do início da carreira de Djavan, apresentando 12 canções da fase que antecede o seu primeiro disco oficial.
Fiquei surpreso quando vi o anúncio deste disco, pois não imaginava que teríamos tantas preciosidades da carreira de um dos maiores poetas da América Latina, principalmente com uma vertente muito mais voltada ao samba e arranjos que remetem aos artistas clássicos deste gênero nacional. Em 1972, Djavan chega ao Rio de Janeiro, vindo de Maceió, chamado pela gravadora Som Livre para cantar em trilhas sonoras de novelas e, assim, foi sendo testado através de um material de grandes compositores da MPB da época para em 1976, lançar seu primeiro LP autoral, em 1976.
Essa breve história resume “Origem”, com material remasterizado pelo próprio filho do cantor, Max Vianna, sendo que o disco traz um frescor nostálgico incrível, com todos os djafãs tendo a oportunidade de escutar os primeiros registros de seu ídolo, que já mostrava um enorme potencial para estar na primeira fileira dos medalhões da música brasileira.
Além de trilhas para novelas, o projeto também abraça coletâneas de sucesso da época, projetos de carnaval e compactos. Dentre as faixas disponibilizadas, destaco “É Hora” (música composta depois do lançamento do seu primeiro LP e feita exclusivamente para a Novela “O Astro”, mostrando já qual seria a digital do mestre em clássicos sambas lançados ao longo da carreira), a primeira versão do hino “Fato Consumado” (tocada no Festival Abertura e responsável por mostrar ao país o rosto por trás da voz inconfundível), a sua estreia no mercado fonográfico com “Qual É?” (de Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle, gravada para a trilha sonora da novela “Os Ossos do Barão” da TV Globo), o arranjo jazístico maravilhoso de “Presunçosa” (feita para a novela “Supermanoela” da TV Globo, em 1974), o regionalismo belíssimo de “Romeiros” (lançada como lado B do single lançado com É hora no lado A em 1977), dentre tantas outras preciosidades.
Por fim, escutar o álbum “Origem” não é apenas conferir mais um lançamento da MPB, mas principalmente reverenciar os mais de 50 anos de carreira de um dos principais pilares da cultura brasileira, que soube captar o romantismo reflexivo de milhares de brasileiros, além de apresentar de vertentes sofisticadas de pop e de samba.
Salve o mestre Djavan!
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