O que você procura em um livro? Em minha opinião, por mais clichê que seja, uma boa história contada e que te insere dentro da realidade descrita naquela obra é requisito fundamental para que eu me apaixone por um exemplar e pensando nisso, ter lido as duas autobiografias da eterna padroeira da liberdade e rainha do rock nacional Rita Lee, foi uma experiência inexplicável!
Os dois livros foram escritos integralmente por Rita com o auxílio de pesquisa e comentários de Guilherme Somora, jornalista, escritor e grande conhecedor da vida da artista e isso foi um ponto bem interessante em ambas as leituras, pois sempre que surge um comentário do famoso “fantasma das lembranças de Rita Lee”, há um respiro diante de tantas informações detalhadas em cada história e isso torna o processo da leitura mais fluida e engajada, além de termos acesso à curiosidades bem interessantes.
Logo quando comecei os primeiros capítulos da primeira autobiografia, já senti que seria uma viagem bem interessante na rotina de uma das maiores artistas do mundo, com um legado imensurável! O texto de Rita é ágil, cativante e muito próximo da realidade de cada leitor, pois sua linguagem e expressões utilizadas são facilmente utilizadas em nosso dia-a-dia e seu deboche é algo perfeitamente algo encantador, como se fosse uma tia muito próxima da família.
Além disso, há informações maravilhosas de bastidores da produção de cada disco e como Rita teve várias dores de cabeça e problemas com a Ditadura Militar brasileira na liberação de suas canções até a década de 80. A história de amor com Roberto, a saída conturbada dos Mutantes, os problemas advindos do uso de drogas e bebidas e as inspirações para a composição de todos os hits estão presentes neste primeiro livro e lendo enquanto escutava a obra da cantora, a vivência fica ainda melhor.
Já a segunda autobiografia traz um recorte mais específico e delicado da vida de Rita Lee: o período em que ela enfrentou o tratamento contra um câncer no pulmão e alguns outros tumores pelo corpo. Este é um livro menor do que o primeiro, mas a sua intensidade emocional é ainda maior, pois ela conta, com absolutamente todos os detalhes, todas as etapas vivenciadas nesta batalha, suas inseguranças durante todos esses meses, suas crises emocionais e como o apoio da família foi um pilar importantíssimo durante o tempo todo, com um amor revolucionário.
Ao mesmo tempo, Rita Lee não perdeu o bom humor e em cada capítulo utilizava sua ironia característica em toda a vida e traz uma proximidade ainda maior com seus fãs, leitores e amigos, considerando todos como parte da família, tamanha sua importância para todos que a admiram. A cada capítulo lido, ia na capa e dava um beijo de carinho na testa de Rita, pois são muitos ensinamentos e de uma lucidez impressionante, como se ela estivesse até hoje ao meu lado, contando suas histórias.
Eu realmente fiquei impactado e muito emocionado em não apenas conhecer mais sobre a artista Rita Lee, mas principalmente sobre o ser humano Rita Lee, que saiu vitoriosa de inúmeras batalhas e agora está lançando o seu perfume e bailando com muitos espíritos de luz em um novo plano espiritual. É por isso que suas duas autobiografias são, para mim, livros de cabeceira.
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