O Best-seller de Martha Hall Kelly mostra como é importante criarmos relações comunitárias enquanto há tempo

Sempre fui apaixonado por literatura e sempre serei e o livro que acabei de ler só me fez reafirmar minha admiração pelo talento de um escritor em criar múltiplos universos e nos colocar dentro deles, como se fizéssemos parte desde o início. “Mulheres Sem Nome” foi o primeiro romance de Martha Hall Kelly e é um perfeito exemplo disso, pois une um enredo muito bem costurado e uma construção de época irretocável, justamente por se inspirar em relatos e documentos reais da época.

O livro conta a história de três mulheres: a socialite nova-iorquina Caroline Ferriday, a jovem Kasia Kuzmerick e a ambiciosa médica cirurgiã Herta Oberheuser. As três em um ponto em comum: de alguma forma, todas estão ligadas à Segunda Guerra Mundial e tiveram suas trajetórias totalmente modificadas quando o exército de Hitler invade a Polônia em 1939. A partir daí, é iniciada uma luta por amor e liberdade, onde contradições e prioridades são colocadas à prova.

A cada capítulo, fui me envolvendo mais e mais pela história de Martha, pois o que é mostrado é uma realidade tão nua e crua que ainda faz chocar, tamanha a riqueza de detalhes de cada dia em que milhares de mulheres ficaram confinadas em um campo de concentração. Por mais que se trate de um enredo ficcional, ele é inspirado em vários relatos que realmente aconteceram e a escritora foi muito feliz ao rememorar um duro legado do século 20, mas que ainda é preciso que se fale, para que percebamos o quanto ainda temos muito o que andar como humanidade.

Inicialmente, cada mulher tem sua própria trajetória e da metade pro final do livro, elas são entrelaçadas e constroem uma trama ainda mais envolvente que não te fará largar as cerca de 500 páginas em nenhum instante. Garanto a vocês que o final da história te fará chorar de desidratar, mas ao mesmo tempo me deixou com uma sensação de que faltou algo para completar o quebra cabeças da obra, sendo o único defeito de Martha, principalmente em se tratando da história de Herta Oberheuser. A impressão que deu é que todos os fatos foram se desenrolando em um ritmo mais lento e nas últimas 50 páginas, houve um ritmo tão acelerado que você se perde em alguns momentos.

Porém, isso não tira o brilho do livro, que pode te emocionar e fazer pensar, terminando a leitura sendo uma pessoa diferente do que entrou. É por isso que “Mulheres Sem Nome” é um grande livro de cabeceira.

Gostou do post? Nos siga no Instagram (@culturalmundo) e fique sabendo de tudo sobre o blog, além de conteúdos exclusivos.