Dirigido por Dandara Ferreira e Lô Politi, o longa em homenagem à maior voz do Brasil é revolucionário em várias frentes.

Desde que soube do anúncio do lançamento do filme “Meu Nome É Gal” no final de 2021, já fiquei super feliz, pois sempre gostei de Gal Costa e pensei logo de cara que ver uma biografia contando a história da maior voz do Brasil me deixaria profundamente emocionado.

E não foi diferente: assisti o longa no último domingo (15/10) aqui em Campinas e ao sair da sala de cinema, fiquei transformado e com o coração quentinho, sem exagero algum. Me senti transportado para o início da carreira de Maria da Graça Costa Penna Burgos, ou Graçinha ou Gal para os mais chegados. Todas as suas inseguranças ao gravar o primeiro disco, a importância da amizade com Caetano Veloso, Gilberto Gil e todos os amigos da tropicália, além de alguns relacionamentos amorosos no início de sua estadia no Rio de Janeiro e em São Paulo, todos estes pontos são mostrados de uma forma muito honesta no longa, sem abrir brechas para falhas cronológicas no roteiro.

Inclusive, ao falar sobre alguns relacionamentos de Gal, Dandara Ferreira, Lô Politi, Maíra Bühler e Mirna Nogueira (equipe de direção e roteiro) foram muito felizes ao incluir este ponto de forma muito natural no filme sem mostrar a cantora com nenhum estereótipo. Ao colocar a fala “meu negócio é a música”, o filme já deixa claro que o principal ponto da história é mostrar uma mulher focada em seu trabalho e mantendo sua vida pessoal o mais discreta possível. Para encerrar este tópico, a dificuldade de Gal em contar para sua mãe sobre seu relacionamento com Lélia mostra o quanto que sua história é muito atual (felizmente e infelizmente), pois muitos brasileiros ainda convivem com a intolerância marcada em suas famílias.

Sophie Charlotte faz Gal Costa no longa e sua atuação é digna de todos os prêmios de festivais. Foto: Stella Carvalho.

Ao falar sobre o elenco, sem sombra de dúvida o grande destaque é Sophie Charlotte, que interpreta Gal de forma magistral e irretocável. Ela soube captar todos os seus trejeitos e características, incluindo o sotaque e o olhar característico da cantora, que ao mesmo tempo transmitia uma inocência e uma força monumental. Além disso, Sophie, apesar de dublar em algumas cenas, também exibe sua voz afinada em vários momentos, mostrando que além de uma ótima atriz é uma cantora incrível.

Todo o elenco do longa foi muito bem escalado, mostrando a personalidade de grandes nomes da tropicália. Foto: Stella Carvalho.

A história de Gal Costa se confunde com a história da tropicália e da música nacional como um todo e isso mostra que o filme também tem um tom biográfico de outros nomes do Brasil, como Caetano Veloso e Gilberto Gil. Inclusive, os atores Rodrigo Lélis e Dan Ferreira estão excelentes como os respectivos cantores, consigo enxergar perfeitamente Caê e Gil nos dois, tamanho o talento de ambos, que não deixaram suas interpretações nada caricatas.

Vários figurinos clássicos de Gal foram reproduzidos de forma fidedigna, além de um recorte bem interessante de sua história ter sido escolhido no longa: de 1967 até 1972, os primeiros anos da cantora até o total estrelato. Gostei desta escolha e também achei muito intelingente explorarem de forma mais enfática a relação dela com o regime militar, além de terem terminado o filme com um gostinho de quero mais, tomara inclusive que tenha uma continuação.

Como únicas críticas, deixo aqui registrado o tempo muito curto para retratar toda a personalidade de Gal e suas histórias (em alguns momentos, a história pareceu muito corrida) e o exagero de cenas com o uso de cigarros (que deixaram alguns diálogos um pouco superficiais).

Em resumo: “Meu Nome É Gal” é um excelente filme do cinema brasileiro, que merece ser valorizado. Por isso, é muito importante que assistamos o longa nestes primeiros dias, para que ele continue em cartaz e assim alcance outras salas de cinema de todo o Brasil. Afinal, uma ótima história, uma trilha sonora incrível e uma personagem rainha mostram que este filme é divino, maravilhoso.

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